terça-feira, 30 de agosto de 2011

CONJUNTOS HABITACIONAIS DE BERLIM: Moradia como direito social e inovação na arquitetura

Um bom lugar para se morarAmpliar imagem(© dpa/pa)
Eles se revelam evidências expressivas dos traços políticos, das características econômicas e das demandas sociais do contexto em que foram erguidos. Carregam a força da arquitetura moderna alemã, representando ainda as diretrizes sociais da Constituição de Weimar. E, desde 2008, com o status de patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO, os conjuntos habitacionais da modernidade berlinense tiveram seu valor histórico reconhecido também perante o mundo.


Os seis conjuntos habitacionais de Berlim eleitos pela UNESCO estão inseridos no cenário pós-Primeira Guerra Mundial, devido à necessidade de uma reforma habitacional para a classe trabalhadora. O contexto envolvia não somente a escassez de moradias disponíveis, mas a defesa de novos valores sociais apresentados pela Constituição da República de Weimar, e a necessidade política de se conter revoltas ou a disseminação dos ideais comunistas.


As habitações foram erguidas entre 1913 e 1934 e, além de simbolizarem a concepção da habitação como direito social, escancaram em suas fachadas e em seus interiores a valorização da funcionalidade, difundida pela arquitetura moderna alemã. Espaços arejados, com iluminação farta e cheios de praticidade: por meio das prioridades daquela maneira de pensar a construção – que ficou conhecida por Neues Bauen (do alemão, “nova construção”) –, percebe-se a intenção de oferecer possibilidades de moradia com maior conforto aos trabalhadores.


Os seis conjuntos habitacionais escolhidos para representar o movimento foram: Britz, Carl Legien, Schillerpark, Gartenstadt (cidade-jardim) de Falkenberg, Siemensstadt, e Weiße Stadt (Cidade Branca). Construídos por profissionais reconhecidos, como Bruno Taut e Walter Gropius – que fundou a renomada escola Bauhaus –, marcaram o começo do modernismo na arquitetura.


Alguns chegam a ter mais de mil apartamentos, como o Carl Liegen, que foi construído no final da década de 1920. Outros chamam a atenção pela ousadia de seu design, como o Britz, que foi construído em forma de uma ferradura. Inovação para a linguagem da arquitetura e para os paradigmas dos direitos sociais, os conjuntos habitacionais berlinenses difundiriam sua influência ao longo de todo o século XX.

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