terça-feira, 30 de agosto de 2011

Frankfurt: Experiências Habitacionais

                 Experiências Habitacionais na Europa Central: Frankfurt

  A partir da primeira grande guerra e até a ascensão do fascismo e início da segunda guerra mundial, a Alemanha sofreu com uma forte crise econômica. Isso permitiu grandes experimentações nos campos urbanístico, arquitetônico e habitacional, sendo elaborados planos para as principais cidades e construção de grande quantidade de habitações sociais.

   Nos anos imediatamente pós-guerra contata-se que as condições de vida dos proprietários, pequenos empregados e funcionários degradaram-se ainda mais. A ausência de construções destinadas à habitação enquanto durou o conflito teve como consequência um "deficit" de mais de um milhão de habitações.


 Foram testadas as teorias dos programas habitacionais, em Berlim e especialmente em Frankfurt, usando os ideais modernistas também como controle urbano.
   Ernest May 1886-1970) foi nomeado como arquiteto de Frankfurt em 1925, a construção de assentamentos para operários iniciou-se, ali, em escala até então desconhecida. Diferentemente de outros arquitetos de sua época, May estava mais preocupado com a criação do espaço urbano autônomo, assim sua primeira obra para Frankfurt juntamente com C. H. Ruddloff, consistia em um grande pátio com casas em ziguezague, circulando a paisagem elaborada de um jardim comunitário, o projeto urbano Bruchfeldstrasse:


Inspirado na Cité Moderne conebida por Victor Bourgeois para Bruxelas em 1922, esse projeto único tinha, porém, uma abordagem mais generalizada, visível no plano piloto de May para a Neue Frankfurt em 1926 e em seus outros projetos de assentamentos como, Romerstadt, Praunheim, Westhausen e Hohenblick, construídos como parte do complexo do Vale do Nidda, entre 1925 e 1930.
Para May, a evolução se deu primeiramente com a liberação do interior do quarteirão passando à espaço público coletivo. Posteriormente, rompeu-se com a continuidade da borda e numa terceira etapa, a densidade baixa nos dois lados do mesmo, foram suprimidas, restando duas filas de edifícios paralelos com a rua, tendo duas fachadas. Foram construídas cerca de 15 mil habitações , formando um conjunto de bairros, chamados siedlungen, as unidades equivalem a mais de noventa por cento das moradias de Frankfurt em todo esse período. Esse número impressionante dificilmente teria sido atingido sem a insistência de May na eficiência e economia tanto do projeto quanto da construção.
Ao contrário dos ideais de Le Corbusier, seus padrões mínimos ficavam na dependência de engenhosos espaços para armasenagem, camas dobráveis e, sobretudo, do desenvolvimento da cozinha ultra-eficiente que mais se assemelha a uma laboratório, a Frankfurter Kuche projetada pelo arquiteto G. Schutte-Lihotzky.
O contexto de habitação mínima refere-se à produção por métodos industriais que deve ser acessível financeiramente aos operários, ser concebida em função das necessidades e aspirações dessas categorias da população.
 
Os custos cada vez mais altos finalmente levaram May a tornar-se o pioneiro da construção com lajes de concreto pré-fabricadas, o chamado Sistema May, que foi usado nos conjuntos habitacionais de Praunheim e Hohenblick, iniciados em 1927.
 
Com a ascensão dos nazistas, as experiências de Ernest May foram interrompidas. Estas foram transmitidas através dos CIAMs, influenciando no planejamento urbanístico da cidade Moderna.
 


Kenneth Frampton; História Crítica da Arquitetura Moderna
http://arquitetandoblog.wordpress.com/
http://www.uh.edu/engines/epi2577.htm



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